Essa mudança histórica veio após uma resolução do Conselho Nacional de Justiça, que passou a obrigar o Estado a revisar e corrigir os registros de mortos e desaparecidos da ditadura. A retificação da certidão de óbito é um passo importante para reparar as injustiças cometidas durante aquele período sombrio da história do Brasil.
Para Rogério Sottili, diretor do Instituto Vladimir Herzog, a alteração na certidão de óbito representa uma vitória das famílias das vítimas, que há anos clamam por justiça. Ele ressalta o papel fundamental das mulheres dessas famílias, como Clarisse Herzog, Eunice Paiva e Ana Dias, que lideraram essa luta incansável por verdade e justiça, fundamentais para a consolidação da democracia no país.
O desaparecimento de Rubens Paiva em 1971 e a falta de esclarecimentos sobre sua morte marcaram a trajetória de sua família, que só recebeu o atestado de óbito do ex-parlamentar em 1996, 25 anos após seu desaparecimento. Essa histórica agora inspira o filme “Ainda Estou Aqui”, que recentemente recebeu três indicações ao Oscar.
A revisão da certidão de óbito de Rubens Paiva é um marco na busca por justiça e memória das vítimas da ditadura militar no Brasil. É um passo importante para reconhecer e reparar os danos causados aos que foram perseguidos e mortos pelo regime autoritário, e uma demonstração de que a luta por verdade e justiça nunca deve ser esquecida.