BRASIL – Bolsonaro se reuniu com grupos “radicais” para incentivar intervenção militar, revela delação premiada de ex-auxiliar

Após a derrota na eleição presidencial de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro se envolveu em um escândalo que chocou o país. De acordo com o tenente-coronel Mauro Cid, antigo ajudante de ordens do ex-presidente, Bolsonaro passou a se reunir com grupos considerados “radicais” que tinham o objetivo de promover uma intervenção militar no Brasil.

O depoimento de Cid à Polícia Federal, em 28 de agosto de 2023, revelou detalhes perturbadores sobre os planos de Bolsonaro e seus seguidores. Segundo o tenente-coronel, após sua derrota na tentativa de reeleição, Bolsonaro recebeu grupos no Palácio da Alvorada, sendo um deles formado por pessoas que defendiam a ideia de um golpe de Estado.

Esse grupo pressionava Bolsonaro para assinar um decreto que permitiria a intervenção militar na Justiça Eleitoral, com planos de prender figuras importantes como o ministro Alexandre de Mores, do Supremo Tribunal Federal, o ministro Gilmar Mendes, do STF e o senador Rodrigo Pacheco, então presidente do Senado.

A investigação da Polícia Federal encontrou uma minuta semelhante do decreto na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, após os eventos golpistas de janeiro de 2023. Cid também mencionou que Filipe Martins, ex-assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, teve participação na redação do documento.

Além disso, o tenente-coronel destacou a influência da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que também teria pressionado o ex-presidente em relação ao apoio do povo e de grupos armados para a realização do golpe. A presença de apoiadores acampados em frente a instalações militares em dezembro de 2022 evidenciava o clima de tensão e expectativa em torno de uma intervenção.

Mauro Cid fez uma delação premiada em troca do perdão judicial ou de uma pena máxima de dois anos. Agora, o Supremo Tribunal Federal terá a responsabilidade de julgar se aceita a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, tornando Bolsonaro, Cid e outros envolvidos réus em um processo que abala as estruturas do país.

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