Em entrevista coletiva em Brasília, o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, Mauricio Lyrio, confirmou a estratégia adotada pelo Brics desde 2015 e reforçou o compromisso de avançar nesse sentido durante a presidência brasileira do grupo. Segundo ele, o uso de moedas locais já é uma prática comum no comércio bilateral entre os membros do Brics e será incentivado ao longo deste ano.
As discussões sobre o sistema de pagamentos em moedas locais estão entre as prioridades das potências regionais que serão debatidas durante os encontros dos líderes-negociadores dos 11 países integrantes do bloco. Além do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, recentemente Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Irã tornaram-se membros plenos do Brics.
O secretário do Itamaraty descartou, por enquanto, a criação de uma moeda comum para o bloco, justificando que é um tema complexo devido às grandes economias envolvidas. No entanto, ressaltou que a possibilidade de discutir essa questão no futuro não está descartada. Ele também reforçou o compromisso do Brics em fortalecer o multilateralismo para solucionar problemas e reformar a governança global, tornando-a mais democrática e inclusiva.
Além do uso de moedas locais, as prioridades do Brasil na presidência do Brics incluem a cooperação em saúde, financiamento de ações de combate às mudanças climáticas, comércio, investimento e finanças, governança da inteligência artificial e desenvolvimento institucional. Esses temas serão discutidos nas reuniões que antecedem a Cúpula de chefes de Estado do Brics, prevista para julho, no Rio de Janeiro. O evento será aberto pelo ministro das Relações Exteriores e pode contar com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um discurso especial.