Os inquéritos abertos nesta terça-feira (11) pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra políticos citados em depoimentos de delação premiada de ex-diretores da empreiteira Odebrecht, no âmbito da Operação Lava Jato, atingem cerca de 30% do Senado, entre eles, o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE).
Atendendo pedidos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Fachin autorizou a abertura de investigação contra 24 senadores. Com sete nomes na lista, o PMDB é o partido com maior número de parlamentares que serão investigados, seguido do PSDB, com seis, e PT, com quatro. O PP tem dois senadores na lista de investigados e PCdoB, PTC e PSD um cada.
Os senadores peemedebistas na lista são: Eunício Oliveira (CE); o presidente do partido Romero Jucá (RR); Renan Calheiros (AL), ex-presidente da Casa e atual líder do PMDB no Senado; Edison Lobão (MA); Eduardo Braga (AM); Valdir Raupp (RO) e Kátia Abreu (TO).
No PSDB, Fachin autorizou investigações contra o presidente do partido Aécio Neves (MG); Cássio Cunha Lima (PB); Dalírio Beber (SC); José Serra (SP); Ricardo Ferraço (ES) e Antonio Anastasia (MG). No PT serão investigados Jorge Viana (AC), Lindbergh Farias (RJ), Humberto Costa (PE) e Paulo Rocha (PA).
Foram abertos inquéritos contra os senadores do PSB Fernando Bezerra Coelho (PE) e Lídice da Mata (BA). Os senadores do PP são Ciro Nogueira (PI), presidente do partido, e Ivo Cassol (RO). O ex-presidente Fernando Collor de Mello (PCT-AL) também será investigado, assim como Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Omar Aziz (PSD-AM).
GENTE DA GENTE
Renan será investigado em quatro inquéritos
O alagoano vai ser investigado por corrupção passiva, ativa e lavagem de dinheiro
Com a abertura da investigação, os processos devem seguir para a Procuradoria-Geral da República (PGR) e para a Polícia Federal (PF) para que sejam cumpridas as primeiras diligências contra os citados. Ao longo da investigação, podem ser solicitadas quebras de sigilo telefônico e fiscal, além da oitiva dos próprios acusados.
O ex-presidente do Senado Renan Calheiros, do PMDB, será investigado em quatro inquéritos. O alagoano vai ser investigado por corrupção passiva, ativa e lavagem de dinheiro juntamente com quatro parlamentares. Seis delatores afirmaram que a Odebrecht pagou propina a eles em troca da aprovação de medidas provisórias de interesse da empresa. Os delatores afirmaram que, em um dos casos, foram pagos R$ 4 milhões. Num dos inquéritos, Renan será investigado junto com o filho, Renan filho, do PMDB. Um delator disse que o então presidente do Senado pediu recursos para a campanha do filho ao governo de Alagoas.
O pagamento teria sido de R$ 800 mil.
O Ministério Público diz que, depois da doação, uma medida provisória favorável à Braskem, empresa controlada pela Odebrecht, virou lei. No quarto inquérito, Renan será investigado porque teria recebido R$ 500 mil em dinheiro vivo.
Segundo os delatores, empresas acertaram com funcionários do governo de Alagoas um cartel para obras do canal do sertão alagoano. Renan teria negociado a parte dele em reunião num hotel, em Maceió. Renan Calheiros é o político com o maior número de inquéritos até agora.
Em fevereiro de 2016, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o sequestro de bens do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), e do seu pai, o senador Benedito de Lira (PP-AL), ambos investigados pela Operação Lava Jato. O pedido partiu da Polícia Federal e foi endossado pelo Ministério Público Federal. O bloqueio alcança R$ 4,2 milhões. O deputado terá seus bens sequestrados até a quantia de R$ 2,6 milhões, enquanto que o senador até o limite de R$ 1,6 milhão.
O sequestro patrimonial do deputado Arthur Lira era maior do que o de seu pai porque as investigações apontaram que ele teria pedido, em 2011, ao empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, R$ 1 milhão.
O empreiteiro é um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobrás pelo qual as empresas distribuíam propina a políticos em troca de obras na petroleira. Os parlamentares do PP foram citados por três delatores da Lava Jato: o doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e Pessoa. De acordo com Youssef, Arthur Lira teve uma dívida de R$ 200 mil paga pelo esquema.