De acordo com o Atlas da Notícia, que mapeia veículos produtores de notícia, 21,5% dos veículos jornalísticos digitais que cobrem questões locais não tiveram qualquer receita em 2021. Além disso, 68% desses veículos faturaram até R$25 mil por mês no mesmo período, e apenas 71,4% são empresas legalmente constituídas.
Sérgio Lüdtke, coordenador do Atlas da Notícia, destacou que muitos desses veículos enfrentam excesso de trabalho, salários baixos e formação deficiente dos jornalistas. A situação é agravada pelo fato de que 40% dessas organizações realizam todo o trabalho de forma remota, e somente 36,8% dos gestores atuam no veículo de maneira integral.
A presidente da Abraju, Kátia Brembatti, enfatizou a dificuldade de manter a sustentabilidade financeira dos veículos jornalísticos, especialmente aqueles que se dedicam ao jornalismo investigativo. Ela lançou um desafio aos representantes do Google presentes no evento, pedindo um diagnóstico do ecossistema da internet para diferenciar o que é jornalismo do que não é.
Brembatti também alertou para o problema da desinformação, enfatizando a importância de diferenciar quem é e quem não é jornalista. Ela ressaltou que o sigilo de fonte é um direito que protege a sociedade, e não apenas os jornalistas, e que a falta de diferenciação entre jornalismo e militância política leva a um ciclo de desinformação.
O secretário de políticas digitais da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, João Brant, concordou que o mau uso da internet e das plataformas por pessoas que se dizem jornalistas tem prejudicado a credibilidade do jornalismo. Ele enfatizou a importância de aprofundar o diagnóstico sobre o uso das redes sociais como fonte de notícias e defendeu a busca por formas de diferenciar o jornalismo de interesse público da militância política disfarçada de jornalismo.
Brant destacou a complexidade do debate sobre o tema e ressaltou a importância de evitar rótulos que não contribuem para a compreensão dos desafios enfrentados pelo jornalismo atual. O seminário reuniu vozes em busca de soluções para garantir a sustentabilidade e a qualidade do jornalismo em um ambiente cada vez mais digital e complexo.
