A prática da exumação de corpos é comum em cemitérios públicos e particulares, sendo realizada geralmente três anos após o falecimento com o objetivo de liberar espaço para novos sepultamentos. No entanto, o Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo denunciou que a maioria dos corpos de vítimas da Covid-19 está sendo encontrada preservada durante o processo de exumação, devido ao fato de terem sido originalmente enterrados em sacos plásticos. Isso tem levado as famílias a terem que custear novamente o enterro e ainda arcar com o aluguel do terreno por mais três anos, criando assim um ciclo de despesas adicionais e dificuldades emocionais.
Em entrevista, o secretário do Sindicato, João Batista Gomes, ressaltou a preocupação com a situação, afirmando que muitas pessoas estão sendo obrigadas a pagar valores que não deveriam, gerando uma carga financeira e emocional significativa. Uma das entrevistadas, a jornalista Ludmila Alves Silva, contou que teve que desembolsar a quantia de R$ 523 para reenterrar o corpo de sua mãe, falecida em decorrência da Covid-19 em 2020.
As empresas responsáveis pelos cemitérios afirmaram que os valores cobrados pelos serviços são tabelados pela Prefeitura e que estão em conformidade com o decreto estadual. Porém, o gerente de Serviços Funerários da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Município de São Paulo, José Luis Garcia, explicou que, caso hajam reclamações, é feita uma análise para verificar se as penalidades são necessárias.
Diante desses relatos e denúncias, a sociedade civil e as autoridades competentes aguardam os desdobramentos da investigação do Ministério Público e esperam por medidas que garantam a justiça e a transparência nessas práticas envolvendo os cemitérios concedidos à iniciativa privada.
