De acordo com uma análise realizada pela área contábil da empresa, foram identificadas operações de financiamento de compras no valor de aproximadamente R$ 20 bilhões, o que resultou em dívidas da Americanas com instituições financeiras. No entanto, essas dívidas não estavam refletidas de forma adequada nas demonstrações financeiras da companhia.
Logo após o anúncio dessas inconsistências, o Grupo Americanas optou por entrar com um pedido de recuperação judicial, buscando proteger-se das cobranças imediatas e resguardar seus negócios e patrimônio.
Mas as surpresas não pararam por aí. A empresa revelou meses depois que as inconsistências eram resultado de fraudes. Após uma auditoria independente, foi constatado que a antiga diretoria da Americanas manipulou dados contábeis, chegando a um montante de R$ 25,3 bilhões.
A investigação apontou que contratos de verbas de propaganda cooperada foram criados artificialmente para melhorar os resultados operacionais da empresa. Essas verbas eram inseridas na contabilidade como forma de reduzir custos, mas não havia contratação efetiva de fornecedores para os serviços.
Além disso, operações de risco sacado foram identificadas, envolvendo antecipação de pagamentos aos fornecedores por meio de empréstimos bancários. Essas operações não eram devidamente registradas na contabilidade, ocultando grandes dívidas.
Ex-diretores da empresa estão sob investigação da Polícia Federal, com prisões preventivas decretadas para dois deles. A investigação segue em sigilo, segundo o Ministério Público Federal.
O relatório final de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) revelou que a dívida da empresa com seus credores, considerando as inconsistências contábeis, ultrapassava os R$ 42 bilhões.
Fundada em 1929 por empresários americanos em Niterói, a Americanas se tornou uma sociedade anônima com capital aberto na Bolsa de Valores nos anos 40. A empresa expandiu seus negócios para o comércio online nos anos 2000 e adquiriu outras empresas como Shoptime e Submarino. Recentemente, anunciou o encerramento dos sites Shoptime e Submarino em busca de uma operação mais ágil e eficiente.
Em meio a um turbilhão de revelações e investigações, a Americanas busca recuperar sua reputação e manter seus negócios funcionando de forma ética e transparente. A sociedade aguarda por mais desdobramentos desse escândalo contábil que abalou o cenário empresarial brasileiro.